"Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos céus" (Mt 18, 2). 

Jesus vivia numa sociedade tradicional androcêntrica e baseada na meritocracia, assim, quem produzia, tinha poder, dominava a sociedade em todos os aspectos. Crianças eram desvalorizadas, pois não tinham importância nenhuma. Apenas os meninos com instrução receberiam atenção, para tornarem-se homens adultos de respeito. 

 

Neste contexto, Jesus revela a importância das crianças em sua curiosidade, espontaneidade, sinceridade e disposição para aprender. Não que elas fossem inocentes, puras, ou sem maldade. Mas que elas estavam abertas para aprender e a questionar. Enquanto isso as pessoas adultas seguiam regras, costumes, por seguir, sem questionar se isso fazia bem para vida. 

Jesus, de certa forma, destaca o princípio pedagógico das crianças de questionar as coisas, de levantar os porquês da vida, das tradições, dos relacionamentos. Em síntese, de buscar o sentido de por que as coisas existem, por que são assim, e não de outro jeito e forma. 

Desta maneira tornar-se criança não é voltar ao infantilismo, mas estar disposto a aprender, a questionar, a ver as novidades com empolgação e encanto. É ter alegria e empolgação com a vida, com as situações e toda a aprendizagem que ela proporciona. 

Tornar-se criança é manter-se curioso, dedicado, e não submeter-se a tudo de forma indiferente e passiva, fazer por que tem que fazer, existir por que tem que existir. Mas viver em busca de sentido, de realização e de felicidade. 

Que nossos olhos sejam curiosos... 

Que nossos braços sejam suscetíveis aos abraços e ao encontro... 

Que tenhamos ânimo de sempre aprender, a descobrir, a ver o novo e o belo na vida que nos cerca e envolve com a beleza e a graça de Deus.